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"Neste mistério ficamos hipnotizados, à mercê de uma realizadora para a qual os enigmas da sombra são a base do cinema."
"Começamos nas trevas, no limiar do abstrato, onde um corpo e uma luz quebram o ecrã preto e parecem cavar. Estarão na procura de algum tesouro perdido, no salvamento de alguma alma perdida que se viu enterrada, ou talvez na construção de um túmulo? Na verdade, descobriremos que se trata de arqueologia da memória, o trauma investigado na paisagem que tudo recorda. Por enquanto, contudo, não há contexto para o rito. Cada punhado de terra é seguro entre as mãos e atirado sobre a cabeça, o movimento repetido quase como uma prece."
"No final, aprendemos com a realizadora como perscrutar as provas do terror na materialidade do mundo. Apesar de parecer hediondo, investigar ossadas em busca de prova é processo catártico, assim como a paisagem dissecada para encontrar marcas do sucedido. Nesses vestígios, descobre-se uma verdade incompleta, mas não inútil. Os ossos e a terra são incapazes de mentir, são testemunhos absolutos."
"Na materialidade da floresta e da escavação, no estudo do passado por meios físicos, Sofía Peypoch desvenda uma estranha capacidade para o reconforto. É panaceia imperfeita, mas capaz de acalmar a tormenta na ausência de respostas fechadas, absolutas, incontornáveis."
—Cláudio Alves
"In this mystery we are hypnotised, at the mercy of a director for whom the enigmas of shadow are the basis of cinema."
"We start in darkness, on the edge of the abstract, where a body and a light break through the black screen and appear to be digging. Is she searching for some lost treasure, rescuing some lost soul who has been buried, or perhaps building a tomb? In fact, we discover that this is the archaeology of memory, the trauma explored in the landscape that remembers everything. For the time being, however, there is no context for the rite. Each handful of earth is held in the hands and thrown over the head, a motion repeated almost like a prayer."
"In the end, we learn from the director how to scrutinise the evidence of terror in the materiality of the world. Although it may seem heinous, investigating bones in search of evidence is a cathartic process, as is dissecting the landscape to find traces of what happened. In these traces, we discover a truth that is incomplete, but not useless. Bones and earth are incapable of lying, they are absolute testimonies."
"In the materiality of the forest and the excavation, in the study of the past by physical means, Sofía Peypoch unveils a strange capacity for comfort. It's an imperfect panacea, but one that can calm the storm in the absence of closed, absolute, unavoidable answers."
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